sábado, 5 de maio de 2012

Como idiotizar um povo (Versão Soft)

Você que está lendo este texto, me responda uma pergunta: você é idiota? Sem ofensas, claro!
Ok, vou mudar a pergunta: você acredita que viva em uma sociedade idiotizada? Eu, sim! Embora não me considere um tonto. E porque digo isso? Ora, é fácil. É só olhar ao redor. Eis alguns exemplos:
  • 1- Muitos vivem em um ambiente permanente de distração. Veja a programação da televisão aberta: novelas que promovem e moldam o comportamento social e que erotizam precocemente as crianças, programas de auditórios com dançarinas seminuas e de conteúdos vazios, muito assunto sobre futebol com especialistas sobre o assunto para os comentários, programas onde pessoas brigam e se desrespeitam ao vivo, programas para promoção de "estrelas", programas de fofocas sobre as vidas de artistas, programas de violência no horário do almoço, etc. A cada três ou quatro meses aparecem umas músicas que têm cunho unicamente comercial. São vazias, não dizem nada. Não têm poesia. Não tocam ao coração. Como viver, por exemplo, uma história de amor e ter aquela música como a música que marcou seu romance?  Algumas delas têm apelo erótico e tiram a feminilidade e a candura das mulheres chamado-as de cachorras e só servem para induzir as pessoas ao sexo. Há, entretanto, alguns programas de televisão que são mais esclarecedores, de cunho educacional, mas a questão é que passam sábado ou domingo de manhã bem cedo. A minha geração passou por isso, a geração do meu filho está passando por isso, a geração de meu neto passará por isso... O importante aqui é oportunidade a poucos.
  • 2- A grande maioria não tem acesso a um sistema de saúde digno. E porque? Vamos pensar: uma consulta com um médico normalmente não é barata para a realidade social do país, então milhões correm para o SUS. Lá, o atendimento médico se dá por agendamento que pode demorar meses e até anos e, se a população se revoltar, o serviço é piorado até um ponto onde as pessoas que necessitavam do atendimento (e remédios, e internações, e cirurgias...) acabam morrendo. A moral é a seguinte: para ter um povo sob controle é preciso controlar o sistema de saúde. Ou seja, decidir quem vive e quem morre.
  • 3- Controlar em cem por cento o sistema educacional. Porque isso é importante? Simples: pessoas esclarecidas desenvolvem pensamento analítico e crítico. Portanto, pedem mais. A educação estimula o pensamento livre, porém o que se dá hoje em sala de aula NÃO É educação. Eu sei disso porque sou professor. O que se repassa aos alunos é o que o Ministério da Educação decide. Este ministério envia sua política educacional aos estados, as Secretarias estaduais de educação enviam os livros didáticos que foram escolhidos (inclusive aqueles que ensinam as pessoas a escreverem de forma errada) para os Núcleos de educação nos municípios e estes repassam às escolas que seguem exatamente aquele conteúdo. O professor se tornou assim um repassador de conteúdo de cunho endoutrinário. Este assunto é muito amplo, complexo e importantíssimo, por isso vou desenvolver uma pasta para tratar em profundidade somente do tema educação.
  • 4-Cobrar altos impostos. O governo nos cobra muito imposto. Tanto para viver quanto para morrer. É uma montanha de dinheiro que é cobrada da população sem explicação clara de para onde vai e como será usado. Mas, uma pergunta: você já quis saber quanto custou cada luva descartável de um hospital público? Que empresa forneceu? Foi o melhor preço? E a comida que é fornecida nas cadeias? Você sabe se seu município está endividado? E em quanto? O município pode se endividar até um limite, se passar desse ponto, quebra. Talvez você viva em uma cidade que esteja tão endividada que não sobra dinheiro para mais nada. Então, uma pergunta: você conversa com o prefeito sobre isso. Esse papel, na verdade, cabe aos vereadores. Você já procurou (se ele se esconder, busque-o até encontrá-lo) o vereador a quem você confiou o seu voto? Lembre-se, você é o dono do dinheiro. O prefeito, o governador, o presidente só o estão administrando temporariamente para você. Em quatro anos (ou em oito) eles saem, mas e a dívida? É para quanto tempo? Quem vai pagá-la é você e seus filhos. Bem, você pode me dizer: mas eu não fiz nenhuma dívida. Fez, sim! No dia em que você votou em vereador, prefeito, deputado, governador, senador e presidente você conferiu carta branca para essa gente decidir seu futuro.
  • 5- É importante garantir a impunidade. Em um país de idiotas a justiça não é cega. Bandido calouro é colocado na mesma cela com bandidos diplomados na escola do crime, onde sua personalidade será transformada pela violência física e psicológica que sofrerá dentro do presídio e, uma vez de volta à sociedade, tentará se vingar da mesma. Isso vai gerar mais despesa com segurança pública e a população aceitará pacificamente e nem se questionará quanto custou cada viatura para as polícias (lembra da questão da dívida do item acima?). Além disso, é imprescindível deixar que a imprensa divulgue notícias de corrupção política para chegar a um ponto tal que a população já nem ligue mais.
  • 6- Em uma sociedade de idiotas, é preciso que haja um forte sistema de burocratização em todos os setores. Os serviços prestados ao público precisam ser lentos e de difícil acesso. O cidadão precisa ser mal atendido e se se revoltar será estampado em lugar bem visível uma ameaça contra ele com a utilização do artigo 331, do Código Penal: "Desacatar funcionário público no exercício da função ou em razão dela: Pena - Detenção de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, ou multa." Veja só, o mercado agradece ao cliente: "Muito obrigado por sua visita. Volte sempre". O governo, por ser incompetente, ameaça o seu mais valioso cliente: o cidadão.
  • 7- Promover o desemprego. Embora isso possa parecer um pouco contraditório, pois todos os candidatos a um cargo no poder executivo (prefeito, governador, presidente) falem em buscar formas de atenuar o desemprego por meio de incentivos fiscais para atrair empresas nacionais e multinacionais e tendo gente trabalhando os governos arrecadam mais, uma população desempregada e passando fome é um projeto de engenharia social: é preciso criar e manter uma orda de miseráveis (que depois se tornam pobres e logo depois, classe C) dependentes dos projetos ou das "bondades" governamentais como o auxílio Bolsa Família. É aquela coisa: se dá o peixe, não a técnica de como se pesca.
  • 8- Não investir em tecnologia. Isso é coisa para estrangeiros. Deixe que eles invistam e desenvolvam altas tecnologias em ipod, iphone, tablet, engenharia de petróleo, softwares de aviação, nanotecnologia, etc, etc, etc. Para o Brasil, resta apenas produzir produtos primários, uma grande fazenda onde poucos controlem a produção e distribuição de bens de consumo. Mas principalmente é preciso controlar o pensamento do povo.
Bem, se você que acaba de ler tudo isso que foi escrito e está, como eu, se sentindo um homoidiotous, lhe aconselharia urgentemente buscar dar um upgrade em sua vida. Como? Busque outras fontes de conhecimento. Livros, por exemplo. Leia. Mas leia muito. Não faça como um ex-presidente da República que dizia que não lia porque lhe dava dor de cabeça. Comece por exemplo com os clássicos brasileiros: Machado de Assis, Guimarães Rosa, Jorge Amado, Cecília Meireles, etc, etc, etc. Também leia livros de introdução à Filosofia. Depois algo sobre Economia, Geografia, Sociologia, História (e não esqueça, um segundo sequer, da língua portuguesa).  Leia também Leviatã (Thomas Hobbes) e O Contrato Social (Jean Jacques Rousseau). Mas, sobretudo leia, entenda, aprenda e saiba interpretar a Constituição Federal, a Lei Orgânica do seu município (é bom saber também a Constituição do estado em que você mora) As informações contidas ali lhe serão de grande utilidade para abrir seus olhos para a vida. Uma vez de posse dessas informações, repasse-as para seus familiares, amigos, colegas de escola e de trabalho, para seu vizinho e até mesmo para um estranho. Tudo isso ajudará a matar o homoidiotous que vive em nós.

Meu nome é Antonio Ribeiro


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